Crônica do sono

Ontem foi um domingo.

Aos domingos meu sono é péssimo, mas por volta das 22:40 desliguei a TV e me virei na cama.

Pensei o que eu escreveria na carta para uma amiga, qual hoje não estamos tão presentes uma na vida da outra.

E algo que me veio a mente, eu me apropriei agora de todos os nossos bons momentos, viagens, bebedeiras, trocas de aprendizados, comidas, filmes, músicas, são muitas coisas...

Senti que no fundo tudo bem não estarmos presentes uma na vida da outra, eu acredito que saiba que sempre estarei aqui.

Entendi que não existe mais "nós", sim uma construção, cuja me apropriei, e na real, é tão bom sentir isso, não pesar sobre algo que foi, e não o que eu não fiz.

Eu fiz, você fez, até quando conseguimos, mas mudamos, outra frase sua "somos cíclicas".

Parei de acreditar que as pessoas quais passaram por mim me fizeram mau, eu me permiti a isso, como você diz "tome as rédeas de sua vida".

Estive no tinder, conversei bastante com uma persona, trocamos whats, mas quando realmente íamos nos conhecer, e aos 45 do segundo tempo ela disse que não conseguiria naquele dia, eu pensei: tudo bem, essa caminhada é minha, e na real, again, é libertador, e por ai ficou, não me interesso por quem não se interessa por possibilidades.

Esse é o nosso processo, cada um em seu tempo.

Essa é minha possibilidade algo dentro de mim, que eu faço apenas por mim, mas agora de verdade.

Stella

Stella, estrela, pequenina e gigante com suas falas.

Um dia desses um professor saudosista procurou por seus alunos em uma rede social, quantas memórias são infladas...

E a pequena Stella foi exaltada.

Eu me lembro de você.

Do trabalho de marketing sobre iniciar um negocio, e o nosso era um cemitério para animais, infelizmente nesse dia me ausentei da aula, e você fez sua apresentação.

Lembro o dia em que você me ligou e pediu para lhe buscar no banco onde trabalhava, não sei ao certo se teríamos prova, mas você estava afobada, me deu R$ 50,00 para gasolina, e o melhor do trajeto é que você brincava com todos que estavam na rua.

Tão provida de senso de humor, carisma, atenção, e realmente acredito que esteja onde está por isso, não por ser questionadora, a melhor aluna da turma, o que não era, mas sim simples, Stella.

Lembro também, quando você se apaixonou por um homem que tinha um ar de bom, mas no fundo acabou com tudo o que de melhor vibrava em ti.

Mas você foi mulher e saiu fora disso, e se levantou.

Concluímos a faculdade, não participei da festa, apenas da colação de grau.

Stella seguiu seu caminho.

Casou-se, não têm filhos.

Separou-se e foi embora para outro país, com outro homem.

Quando li seu perfil no facebook, com tantas experiências profissionais importante, e tão distante em um emprego importado, me questionei sobre isso.

Stella somos tão completos com o que conquistamos, entendi que não sou pior por não ter ido tão longe, e que crescemos não por nossos cargos e salários, mas sim pelo o que realmente somos.

O filme Capitão Fantástico, diz um pouco sobre isso, "não me defino pelas minhas palavras, e sim pelas ações", e entendi também que suas ações não param.

Stella você é provida de desejo, não tem medo de começar, faz o que realmente tem dentro da sua caxola.

Saudades de você Stella, do seu riso fácil, do seu pequeno e confortável abraço, do seu ar de criança, que permanece até hoje quando vejo suas fotos.